quinta-feira, 21 de abril de 2011

Doação Bolinhas / Museu da Marioneta


Se quiséssemos dar um título a esta homenagem seria de “AMOR”.


Quisemos com esta homenagem dar mais um passo para reforçar a amizade, o carinho, a fraternidade que temos uns com os outros, abrir mais caminho para a tolerância.


Não basta sentir. Tem que se dizer, fazer, acolher, tratar, amar, lutar!


Nós, as manas Carla e Filipa, tivemos um grande homem ao nosso lado (não foi perfeito nos sabemos), ele foi nosso pai, foi nosso amigo e foi nosso mestre.
E um Mestre deixa sempre os seus discípulos… nós seguimos a sua arte.



O “Bolinhas” é uma marioneta com uma grande historia… foi criado pelo Filipe em 1975, percorreu varias terras do interior do pais, passou pela Europa e acabou deixando um irmão gémeo em Africa. Mais tarde foi reconstruído para seguir ao seu lado.
Com ele trabalhou amadoramente, aprendeu, representou, animou e cresceu.
Tornou-se gigantone e clonou-se também numa marioneta de tranca.
Acompanhou toda a vida e todo o percurso de Filipe, tornando-o “Mestre”, sendo o primeiro logótipo e mascote do grupo.

Foi com o Bolinhas que Mestre Filipe caiu em palco num dos últimos espectáculos que deu… ficando depois internado.
Foi com o Bolinhas que entrou no bloco operatório.


Foi com o Bolinhas que recuperou nas suas bicicletas de Fisioterapia.
Foi com o Bolinhas que ganhou forças para continuar.
Foi com o Bolinhas que iniciou o seu novo e ultimo trabalho intitulado Brin’Cadeira.
Foi com o Bolinhas que um dia desistiu, chegando a tentar o suicídio.

E foi ao Bolinhas que ele quis dar a honra de fazer parte da história das Marionetas.

É por esta vontade e em nome do nosso “Mestre Filipe” que estamos aqui hoje para doar esta marioneta ao Museu da Marioneta.


É para nós uma honra deixar cá o nosso Bolinhas… ele trás consigo um historial muito completo do que foi o seu percurso de marionetista, toda uma vida de trabalho, toda a força que teve para lutar e superar obstáculos, demonstra como é possível continuar mesmo com uma deficiência, representando todo o amor que temos para dar.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COMO TUDO COMEÇOU…

AUTOBIOGRAFIA

1945 – 2008

Luís Filipe Ferreira Baptista, nasceu em Lisboa a 24.08.1945.

Desde muito novo que se mostrou um apaixonado pelo teatro de marionetas.

Aos 12 anos, contava, era um “puto de Lisboa”, assistia aos espectáculos de “Robertos”, que montavam nas ruas e nos largos, pequenos espectáculos de touradas e de histórias de barbeiros. Era daqueles putos que gostava mais de ver os bastidores do que de ver os bonecos da parte de fora e muitas vezes levando um “coice”! Fascinado pelos segredos e truques da manipulação dos bonecos, espreitava curiosamente a trás das barraquinhas de fantoches.

Mal sabia que viriam a ser seus colegas J

Hoje a colecção ultrapassa as cinco dezenas, marionetas de luva, de tranca, de fio, grandes ou pequenas, de corpo inteiro ou marotes, de esferovite e massa ou de latas, de plástico, de madeira, todas são um reflexo da imaginação, todas exigem mãos habilidosas que as construam e lhes dêem vida, que as façam dançar, saltar, correr, equilibrar-se com movimentos tão perfeitos quanto os de um humano. «Algumas são especiais! Como o Patata, o pato amarelo de madeira que gosta de dançar e cantar. Foi construído há mais de 25 anos e já vai com 3 mudas de roupa mas nunca me desfiz do «artista mais velho da companhia».

O “Bolinhas” também fez parte da sua grande historia… foi criado pelo Filipe em 1975, percorreu varias terras do interior do pais, passou pela Europa e acabou deixando um irmão gémeo em África. Mais tarde foi reconstruído para seguir ao seu lado.

Com ele trabalhou amadoramente, aprendeu, representou, animou e cresceu.

Tornou-se gigantone e clonou-se também numa marioneta de tranca.

Acompanhou toda a vida e todo o percurso de Filipe, sendo o primeiro logótipo e mascote do grupo.

Foi com o Bolinhas que Mestre Filipe caiu em palco num dos últimos espectáculos que deu em pé… ficando depois internado, em 2003, devido a uma doença do foro vascular.

Foi com o Bolinhas que entrou no bloco operatório no Hospital Stª Maria.

Foi com o Bolinhas que recuperou nas suas bicicletas de Fisioterapia que os amigos inventaram e a montaram para ele poder praticar no Ateliê.

Foi com o Bolinhas que ganhou forças para continuar a viver com o apoio da Família e Amigos.

Foi com o Bolinhas que iniciou o seu novo e ultimo trabalho intitulado “Brin’Cadeira” acompanhado pelas suas duas filhas.

Foi com o Bolinhas que um dia desistiu, chegando a tentar o suicídio.

E foi ao Bolinhas que ele quis dar a honra de fazer parte da história das Marionetas, tendo sido doado ao Museu das Marionetas de Lisboa em Dez/2009.

«Durante a guerra colonial, na Guiné, já planeava actividades junto das crianças transformando, com a ajuda da costureira da aldeia, sacos de farinha em calções de ginástica.» E ria-se bem alto. Este terá sido os primeiros contactos e experiências com crianças, as que iam com latas de óleo vazias apanhar os restos que a tropa tinha deixado… Comovido, encontrou uma forma de os ajudar a crescer. «Montei lá uma escola primária e fiz amigos guineenses.» Deixou boas recordações e boas acções. Victor Baldé, por exemplo, era um puto “inimigo” de guerra. Cresceu, aprendeu e mais tarde, quando conseguiu o mestrado tirado em Portugal dedicou-lhe orgulhosamente esse trabalho, afirmando não ser racista devido á boa conduta deste Ser Humano que, apesar de ser “branco” o ensinou a ser um bom homem, orgulhoso da sua Raça e um bom Cidadão.

Luís Filipe foi técnico de televisão e depois de computadores na «Regisconta», em Lisboa.

Casou e teve duas filhas. Foram morar para Odivelas mas entretanto divorciou-se. A sua ex-mulher tinha participado desde o inicio ao lado de Luís Filipe. Paralelamente ao seu trabalho de secretária na «Citroen», contava histórias e elaborava novos projectos e novas actividades para o grupo actuar. O divórcio fê-la desligar-se desta área.

Luís foi morar durante uns largos anos com um Amigo no Parque Campismo do Monsanto, em Lisboa e mais tarde, regressou para Odivelas, local onde moravam as suas filhas com a Mãe, até o final da sua vida.

Como “hobby” frequentava actividades de Montanha e de Teatro.

Consolidando o seu trabalho com esta arte criou as bases necessárias ao seu trabalho futuro, através de vários cursos de marionetas onde aprendeu técnicas de manipulação e de construção: Frequentou novos cursos dentro deste âmbito no Instituto de Tecnologia Educativa e fez formação na área de expressão corporal.

Participou num curso de Teatro na Comuna, de expressão dramática, orientado por João Mota e tornou-se desde então um autodidacta procurando nos livros a informação necessária á sua nova arte.

Mas o entusiasmo que a magia dos fantoches lhe inspirava arrefecia sempre quando confrontado com uma realidade pragmática, sustentada por cifrões, que se queriam estáveis e abundantes, e que arrumavam a bonecada na categoria de passatempo.

Apesar da persistência, o rumo óbvio da vida de Luís Filipe, seria o de continuar como amador.

Em 1974 fundou então um grupo “Movimento de Criatividade Juvenil”, sediado na rua do Jasmim, n.11 no Príncipe Real em Lisboa. Com ele movimentou e dinamizou centenas de jovens em áreas como: Teatro de Marionetas; Expressão corporal; Actividades de ar livre.

Com este grupo criou as Campanhas de Trabalhos Educativos - com as quais percorreu o interior do país, em digressão pelas escolas - com o apoio do F.A.O.J., onde divulgou este tipo de arte e o utilizou como um meio de apoio ao ensino –“ Oficina de Teatro de Fantoches, Marionettes e Sombras”.

Nos anos logo a seguir à Revolução os seus fins de tarde e os fins-de-semana eram passados em espaços cedidos pelas juntas de Freguesia para ele, enquanto amador, entreter e iniciar os mais novos no Ofício.

Esteve sediado na Casa dos Tabuenses em São Bento e posteriormente no último andar da Junta de Freguesia das Mercês no Príncipe Real, ambas em Lisboa. Havia muitos grupos dinâmicos e interventivos onde a Arte de fazer coisas crescia cheia de novas liberdades…

Ainda apoiado pelo F.A.O.J., desloca-se ao Senegal, através de um intercâmbio cultural onde apresenta a peça em Teatro de Sombras Chinesas: " Maria dos Olhos Grandes e Zé Pimpão " de Canuto Jorge Glória. «Foi uma experiência muito gira, o pessoal era novo, chegou lá cheio de expectativas, mas a realidade no território africano fazia-nos sentir “tolos” pois a peça falava de prédios altos e brinquedos que os habitantes africanos desconheciam! Tivemos que dinamizar tudo de outra forma e aprendemos muito com isso….»

E gargalhava ao contar estes episódios recordando estes tempos.

Faz igualmente vários espectáculos para as populações locais e conhece, nessas andanças o Mestre Francisco Esteves, um dos bonecreiros que actuavam em Lisboa nos anos 60 e que o levou a conhecer e a ter contacto com o Mestre Bonecreiro António Dias.

“Mestre”, era a categoria que davam às pessoas autodidactas interessadas em aprender uma técnica e uma arte que só passavam para os seus aprendizes! «Não consegui descobrir o faminto e desejado segredo dos Bonecos… o grande truque da Palheta! … eles eram uns verdadeiros guardiões da sua tradição.»

Luís Filipe Baptista veio então a adquirir mais tarde, com um grande orgulho, este seu novo estatuto - “Mestre Filipe”

Continuamente, as filhas cresciam a seu lado ligadas a este mundo…

Filipe, com 30 anos de idade representava em itinerância espectáculos de Marionetas, nomeadamente “O João Poluição”, peça defensora da Natureza, em tudo que era sítio por esse País fora, «por vezes em condições muito precárias, tínhamos que inventar, conforme o sítio ou o espaço que tínhamos, barracas com panos esticados nas árvores ou pregados nas paredes... eram espectáculos muito activos com grande interacção do público mais jovem.

Nesta altura também dava vários cursos de marionetas, explorando a polivalência de materiais, a monitores de colónias de férias.» «Foi uma óptima experiência de animação sócio - cultural que me deu boas ferramentas de trabalho para prosseguir, nunca esquecerei»

Entretanto o grupo é seleccionado, pela UNIMA (União Internacional de Marionetas), para participar num curso de marionetas no qual são abordadas várias técnicas de construção e manipulação, em L'Institut International de la Marionette, em Charleville-Mézières.

(1980)

Participam em vários Encontros Nacionais de Fantoches e em Setembro de 1984 no VIII Encontro Nacional de Teatro de Fantoches em Mangualde representa com a sua filha mais velha, Carla Alexandra, com 13 anos de idade, o espectáculo: “ A Menina e o Pássaro” de Carlos Correia. No qual participa no Atelier de Expressão Dramática dado pela nossa saudosa Isabel Alves da Costa, Directora do Teatro Marionetas do Porto e pelo João Paulo Seara Cardoso, hoje um grande marionetista conceituado nacional e internacionalmente.

Mais tarde, já como semi-profissional assume a direcção técnica da Companhia Lanterna Mágica juntamente com o marionetista Gualdino aquando da montagem das peças: "Camões Trinca-Fortes" de Manuela de Azevedo e "Marquês de Pombal e os Jesuítas" de Romeu Correia, peças então subsidiadas pela Secretaria de Estado da Cultura e, que foram posteriormente a África e Canadá.

(1986)

Toma coragem e profissionaliza-se com a formação do grupo "Mestre Filipe e as Suas Marionetas".

(1987)

Monta então a peça: "O Menino de Todas As Cores" de Luísa Ducla Soares e segue, mais uma vez, com a sua filha Carla para uma digressão nas escolas do ensino básico de Lisboa, a qual foi subsidiada pelos Serviços de Apoio à Educação da Fundação Calouste de Gulbenkian.

Em 1989 torna-se sócio fundador da UNIMA-P.

Em 1990, Carla Alexandra, com a formação na área do desenho, deixa o trabalho de Olaria e assume definitivamente a profissão de Marionetista e, com o Pai constrói e realiza todos os trabalhos do grupo.

Sendo obrigados a abandonar o espaço das Mercês ficam uma temporada sem espaço físico para a actividade. Embora, olhando para trás, o processo possa parecer linear, transpor a fronteira de amador para profissional não foi tarefa fácil. O Grupo, agora composto por dois elementos, chegou a trabalhar num canil porque não tinham meios para pagar outras instalações. Fizeram o ateliê na sala onde tosquiavam os cães, no Monsanto. Depois numa casa de um familiar no Bairro da Serafina.

Aí criam o "Pom Pom Musical" e "O Circo das Marionetas".

Em 1992 formam um protocolo com a Gebalis e conseguem um Ateliê nas caves de um prédio no Bairro da Boavista, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, no qual criou um Gigantone –“ Gigante Adamastor”, trabalho esse que foi estreado aquando da Exposição Fotográfica "A Grande Regata - Voo de Marinheiro" de Jean Doat, que teve lugar no Padrão dos Descobrimentos em Julho de 1993.

Ao nível de actividades lúdicas e de ar livre, dinamiza e recria os Jogos Tradicionais Portugueses, de uma forma original e convidativa para os jovens e sua família.

(1991-92-93)

Dá aulas de formação na área de marionetas e formas animadas num curso de animadores sócio-culturais na escola Profissional e Artística da Marinha Grande.

(1994)

Criam um trabalho, para sensibilização á leitura, em marionetas de mesa, intitulado “ Os Grandes Livros Animados “, trabalho esse que incluí as peças “ O Soldado João “ de Luísa Ducla Soares e “ Maria dos Olhos Grandes e Zé Pimpão “ de Canuto Jorge Glória.

Com este trabalho fazem uma digressão nacional pelas bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian, apoiada pelo Serviço de Bibliotecas e Apoio á Leitura da mesma fundação.

(1995)

Montam o espectáculo de formas animadas: “Animação Pro-Ambiente”, o qual é pioneira na sensibilização à limpeza das praias sendo representada em todas as praias de Sintra e Cascais e em várias praias do Pais em prol da Bandeira Azul.

No âmbito dos acordos de intercâmbio artístico e linguístico da CEE entre Portugal, Inglaterra e Irlanda, fez estágio de expressões artísticas, plásticas e teatrais no Halton College (Inglaterra) e Belfast Institute of Further and Higher Education (Irlanda).

Neste ano entra para o grupo a sua filha mais nova, Filipa Baptista. Em família, o trio funciona e participa em todo o processo do espectáculo, da concepção à encenação, da cenografia á costura.

Esta fórmula fê-los ligar aos nossos antepassados quando uma arte passava de geração em geração… Seguiram então a tradição dos bonecreiros que percorriam terras após terras passando o seu testemunho aos familiares.

Em 1996, Mestre Filipe é reconhecido como formador qualificado para professores de ensino básico e educadores de infância nas áreas de expressões dramáticas e plásticas pelo Conselho Cientifico-Pedagogico da Formação Continua, da Universidade do Minho.

A 25 de Novembro de 1996, são convidados a participar na “Festa da Ciência CICTSUL” promovido pela Escola Politécnica de Lisboa, onde estreiam uma peça de Robertos “Dia da Festa do Telefone” escrita por Rui Jorge Dias (membro da Comissão Organizadora da Festa da Sciencia e da CICTSUL) para a comemoração do aparecimento do telefone em Portugal

Para trabalhar com os mais jovens, leva a cena o espectáculo de marionetas “Hoje há Palhaços”, extraído do livro com o mesmo título de Alberta Meneres e António Torrado, e com estas marionetas de luva faz espectáculos nos infantários.

As Marionetas não são um espectáculo exclusivamente para crianças, mas é o público infanto-juvenil o favorito do grupo. «Quem trabalha para crianças tem de duplicar o profissionalismo. A criança está pura e nós temos de dar toda a qualidade para criar um bom público».

Mestre Filipe actuava sempre no meio das crianças, proporcionando-lhes tocar e manipular os fantoches, pelo que considerava o seu trabalho interactivo e sensibilizador de novos públicos.

Mais importante que o aspecto e/ou construção das marionetas é o conteúdo e a informação que chega ao público… Portanto, para lá da imaginação e competência artesã responsável pelo trabalho técnico ligado à Arte da Marioneta está o profundo entusiasmo e dedicação…

Os textos preferidos da companhia são os contemporâneos, de autores portugueses e com temas actuais como a morte, a pobreza, o racismo, as deficiências, com os quais valorizam o amor, a coragem, o respeito, a amizade, a Humanidade…podendo sempre servir de mote para debates, palestras ou simplesmente discussões e reflexões de sentimentos e atitudes.

Utilizando a marioneta como meio, pretendem que no fim fique um grãozinho no coração de quem assiste aos seus trabalhos.

Não compreende nem esconde a mágoa de lhe ter sido recusado um subsídio: «Têm o descaramento de dizer “vocês não são capazes” a um grupo que já existe há mais de 20 anos, que sobrevive e monta espectáculos sem qualquer apoio. O que as pessoas do Ministério da Cultura têm de fazer é sair à rua e ver o trabalho das bases».

Na Oficina, a trabalhar mais como artesão, com avental, ou nos espectáculos, em que assume a pose de artista, vestido integralmente de negro e com boina a acompanhar, está sempre rodeado de marionetas. Ora estão penduradas nas paredes, aguardando reparação «como um actor tem de estar em boa forma, pois trabalha com o corpo, as marionetas precisam de estar aptas para as mais loucas acrobacias» ora estão empacotadas ou encaixotadas, à espera de actuar.

«Mais do que fazerem parte da minha vida, os fantoches são a minha vida.»

Desenvolveu uma Oficina - ateliê de arte para a infância e juventude no Bairro da Boavista em Lisboa, onde esteve sediado. Aí criou actividades com crianças do bairro assim como formação para jovens.

(1998)

Criam o "Jogo Verde" - jogo ecológico, que pretende sensibilizar os jovens para a protecção e conservação do ambiente, higiene pessoal e urbana, segurança, trânsito e comportamentos cívicos.

(1999)

Montam e estreiam a peça "Bom Dia Srª Morte", da autoria de Pascal Teulade, com a ajuda do Pintor Rui Jorge Dias e o ceramista Américo Abreu.

Pela primeira vez, trabalham em simultâneo com vários grupos etários, colocando em contacto três gerações distintas, criança/adulto/idoso.

Durante esse ano Mestre Filipe representou esta e outras peças que tem em cena, em várias Bibliotecas, Escolas, Praias, Jardins e festivais.

Ainda em 1999, fez a construção e manipulação de Marionetas de fio, para spot publicitário contra a droga, quando da campanha “Não te deixes enganar - O Ecstasy Não é Inocente”. Este spot foi apresentado na televisão e posteriormente através de cartazes, percorreu todo o Pais.

Em 2001 elaboram um novo contrato com a C.M. de Lisboa – Gebalis e montam o Teatro Oficina i Marionetas - TOIM, em Benfica, com uma pequena sala polivalente e de teatro, onde passa a funcionar o Atelier do Grupo.

Criam e produzem o espectáculo “Há Festa no Coreto” e “O Circus”.

Com estes espectáculos, e outros dois (A Festa dos Continentes e Os Grandes Livros Animados), participam na difusão de artes do espectáculo, promovido pelo IPAE.

Participam ainda como nos anos anteriores, em dois eventos de crescente mérito nacional, na FACECO em Odemira e SINTRANIMA em Sintra.

Participam em vários Festivais: no Festival de Marionetas Internacional do Porto, na Bienal de Évora, na Fimfa-Lx (2003)

Em 2002, criam a animação “Espelhos Mágicos”, e além da realização dos espectáculos que tem em carteira, em digressão, dedicam-se também à realização de Workshops de construção e manipulação de marionetas.

Esporadicamente fazem acções para a população local no seu espaço/sede - TOIM.

Em 2003 uma doença do foro vascular deixa Luís Filipe tetraplégico. Após vários meses de tratamentos recupera a mobilidade nos membros superiores. Para dar continuidade ao seu trabalho, adapta-o à sua nova condição, apostando num novo projecto a que dá o nome de “BINCA’DEIRA”.

Este projecto consiste numa barraca adaptada a cadeira de rodas, onde o contador de histórias, com a arte mágica das marionetas, consegue representar.

«A vida por vezes prega-nos umas boas partidas, mas parar é morrer.» E nunca parou. Vendeu a sua Carrinha Mercedes e comprou um carro de deficiente.

O grupo adaptou estrategicamente todo o seu trabalho, desde à concepção, à sua representação que, de repente, passara de três para duas pessoas.

A falta de acessos e de apoio jurídico, toda a transformação da sua vida particular fazia do nosso Mestre um homem infeliz. «…fora do palco, sou um homem triste…»

Já se tornara difícil distinguir se é a obra que se assemelha ao criador ou se é ele que vai ganhando a forma e o feitio do produto. Os traços carregados dos fantoches, para serem perceptíveis ao longe, notavam-se em Luís Filipe, e mesmo a voz meio histriónica dos bonecos se revelava nas risadas de quem os fez. «Trato as marionetas por tu», resume, sem ponta de vaidade.

Em 2005 construímos a peça “A Princesinha Papelotes”.

Em 2006 dramatizam, montam e metem em cena a peça “O Tesouro” de Manuel António Pina.

Em Abril de 2008, o fundador do grupo Luís Filipe Baptista falece, deixando para as suas filhas a enorme herança do seu Tesouro.

No seguimento de todo o trabalho feito e construído pelo Pai e Filhas, as Manas CAFI (Carla e Filipa) decidem então abrir uma Associação: Associação CAFINVENÇOES, vem substituir logisticamente a firma Mestre Filipe e as suas Marionetas, unipessoal lda, e com ela prosseguem o seu trabalho com muito orgulho e prazer tendo a grande tarefa de manter as suas Marionetas vivas.

O nome surgiu precisamente da base do seu trabalho...Invenções J CAFINVENÇÕES - Associação Cultural, Artística e Educativa / Contribuinte nº 508967759 / sediada na Rua Issan Sartawi, lote 8, c/v, no Bairro do Bom Pastor em Benfica, 1500-350 Lisboa onde se situa o Ateliê e Sala Polivalente TOIM - Teatro Oficina i Marionetas.

Mestre Filipe tinha a grande vontade que a União Humana fosse grande, construtiva e saudável… Que a Educação Cívica e Cultural chegasse a todos… A sua grande paixão era as Marionetas e as Crianças…

E com este espírito continuaremos a trabalhar nessa linha… por um Mundo Melhor.

NOTA: O Grupo Mestre Filipe e As Suas Marionetas, não é nem nunca foi apoiado pelo Ministério da Cultura.

Textos extraídos de:

- Jornal Expresso/2001

- Memórias do grupo

- Excertos de divulgação e curriculum do grupo